Alunos aproveitaram cortejo para criticar suspensão da praxe
Centenas de caloiros desfilaram ontem pela baixa viseense, num cortejo onde só faltaram as críticas ao Governo. O principal alvo do protesto foi a Associação Académica de Viseu, que apesar de não estar mencionada nem nos cartazes nem nas t-shirts dos caloiros, foi bastante criticada por ter suspendido as praxes no Instituto Superior Politécnico de Viseu (ISPV) até à Semana do Caloiro.
"Estamos aqui porque amamos a praxe", dizia o estandarte de Enfermagem que abria caminho ao cortejo e, no mesmo grupo de alunos, podia ainda ler-se num cartaz: "Aqui hoje para a praxe de amanhã, Não somos obrigados a nada".
Por entre barulho de latas, apitos e muitos gritos, Priscilla Iten, caloira de Enfermagem, explicou ao Diário de Viseu que os estudantes do seu curso estão "de luto": "Achamos muito injusto terem cancelado a praxe, é um modo de integração e nós só bebemos porque queremos, não nos obrigam a fazer nada".
A praxe não foi cancelada, mas suspensa pela Associação Académica devido a uma polémica gerada por carta anónima, na qual eram feitas denúncias a alguns elementos do Conselho de Viriato.
Ana Pinto, presidente do Conselho de Viriato assegurou que "a praxe vai decorrer normalmente fora das instalações", mesmo depois de o presidente do ISPV, Fernando Sebastião, ter proibido essa prática dentro do recinto das escolas. Quanto aos alunos, disse: "Eles estão revoltados, muita gente me pediu para os praxar".
Para reforçar o protesto, Princilla Iten referiu que não beberam álcool durante todo o cortejo, apenas água e sumos.
No entanto, os alunos mais velhos também não passaram sede, graças às muitas garrafas, latas e garrafões de bebidas alcoólicas que os acompanharam no percurso até ao Rossio. O líquido serviu ainda para "baptizar" alguns caloiros, aos quais era ordenado que ficassem de joelhos e de cabeça para baixo enquanto eram regados com cerveja. O curso de Contabilidade e Administração decidiu fazer jus ao rótulo colocado aos novos alunos do Ensino Superior: consumidores de álcool. Assim, a escola a que passavam a pertencer, segundo o slogan das t-shirts, era à Faculdade da Sagres.
Os alunos de Engenharia Informática também não pouparam críticas à suspensão das praxes no ISPV, pelo que trajavam de preto, com t-shirts onde se lia: "Espero que no céu haja praxe (à frente), E que "Deus" não a suspenda (atrás)".
Tal como nos anos anteriores, o público não teve grande curiosidade em ver desfilar os novos alunos, que cantavam, rebolavam, ajoelhavam, deitavam e seguiam todas as outras ordens dos "doutores".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário