quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Artigo do Diario de Viseu

Alunos aproveitaram cortejo para criticar suspensão da praxe
Centenas de caloiros desfilaram ontem pela baixa viseense, num cortejo onde só faltaram as críticas ao Governo. O principal alvo do protesto foi a Associação Académica de Viseu, que apesar de não estar mencionada nem nos cartazes nem nas t-shirts dos caloiros, foi bastante criticada por ter suspendido as praxes no Instituto Superior Politécnico de Viseu (ISPV) até à Semana do Caloiro.
"Estamos aqui porque amamos a praxe", dizia o estandarte de Enfermagem que abria caminho ao cortejo e, no mesmo grupo de alunos, podia ainda ler-se num cartaz: "Aqui hoje para a praxe de amanhã, Não somos obrigados a nada".
Por entre barulho de latas, apitos e muitos gritos, Priscilla Iten, caloira de Enfermagem, explicou ao Diário de Viseu que os estudantes do seu curso estão "de luto": "Achamos muito injusto terem cancelado a praxe, é um modo de integração e nós só bebemos porque queremos, não nos obrigam a fazer nada".
A praxe não foi cancelada, mas suspensa pela Associação Académica devido a uma polémica gerada por carta anónima, na qual eram feitas denúncias a alguns elementos do Conselho de Viriato.
Ana Pinto, presidente do Conselho de Viriato assegurou que "a praxe vai decorrer normalmente fora das instalações", mesmo depois de o presidente do ISPV, Fernando Sebastião, ter proibido essa prática dentro do recinto das escolas. Quanto aos alunos, disse: "Eles estão revoltados, muita gente me pediu para os praxar".
Para reforçar o protesto, Princilla Iten referiu que não beberam álcool durante todo o cortejo, apenas água e sumos.
No entanto, os alunos mais velhos também não passaram sede, graças às muitas garrafas, latas e garrafões de bebidas alcoólicas que os acompanharam no percurso até ao Rossio. O líquido serviu ainda para "baptizar" alguns caloiros, aos quais era ordenado que ficassem de joelhos e de cabeça para baixo enquanto eram regados com cerveja. O curso de Contabilidade e Administração decidiu fazer jus ao rótulo colocado aos novos alunos do Ensino Superior: consumidores de álcool. Assim, a escola a que passavam a pertencer, segundo o slogan das t-shirts, era à Faculdade da Sagres.
Os alunos de Engenharia Informática também não pouparam críticas à suspensão das praxes no ISPV, pelo que trajavam de preto, com t-shirts onde se lia: "Espero que no céu haja praxe (à frente), E que "Deus" não a suspenda (atrás)".
Tal como nos anos anteriores, o público não teve grande curiosidade em ver desfilar os novos alunos, que cantavam, rebolavam, ajoelhavam, deitavam e seguiam todas as outras ordens dos "doutores".

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